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Porto Velho,14/08/2025

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Por que compra do Alasca pelos EUA foi um dos melhores negócios da história

g1.globo.com
Por que compra do Alasca pelos EUA foi um dos melhores negócios da história


Oleoduto no Alasca; no século passado, petroleiras encontraram enormes reservas no norte do Estado.
Getty Images via BBC
Os olhos do mundo estarão voltados nesta sexta-feira (15/08) para o Alasca, Estado americano onde os presidentes dos Estados Unidos, Donald Trump, e da Rússia, Vladimir Putin, vão se reunir.
Ainda não se sabe ao certo em que lugar no Alasca será o encontro, onde os EUA deverão pressionar a Rússia por um acordo que leve ao fim da guerra na Ucrânia — uma pauta que vem sendo defendida, ainda sem muito sucesso, pelo governo Trump.
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Os EUA compraram o Alasca da Rússia em 1867, o que dá um significado histórico ao encontro.
Trump anunciou a reunião na última sexta-feira (08), mesmo dia em que expirou o prazo que ele mesmo impôs para que a Rússia aderisse a um cessar-fogo, sob pena de enfrentar mais sanções americanas.
Reagindo às notícias do encontro no Alasca, o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, disse que qualquer acordo sem a participação de Kiev equivaleria a uma "decisão morta".
Zelensky deve participar de uma reunião virtual com Trump, com o vice-presidente dos EUA, J.D. Vance, e com líderes da União Europeia nesta quarta-feira (13).
A reunião entre Trump e Putin será o primeiro encontro presencial entre os dois desde 2019, quando se encontraram durante o primeiro mandato do americano.
A Casa Branca não explicou por que Trump decidiu realizar o encontro no Alasca.
O assessor presidencial russo, Yuri Ushakov, disse que o Estado americano é um local "bastante lógico" e que ambos os países são vizinhos, com o Estreito de Bering os dividindo.
"Parece bastante lógico que nossa delegação simplesmente sobrevoe o Estreito de Bering e que uma cúpula tão importante e esperada dos líderes dos dois países seja realizada no Alasca."
O governador do Alasca, o republicano Mike Dunleavy, comemorou a escolha de seu Estado para o encontro, que chamou de "histórico".
"O Alasca é o local mais estratégico do mundo, situado na encruzilhada entre a América do Norte e a Ásia, com o Ártico ao norte e o Pacífico ao sul. Com apenas três quilômetros separando a Rússia do Alasca, nenhum outro lugar desempenha um papel mais vital em nossa defesa nacional, segurança energética e liderança no Ártico", escreveu Dunleavy na rede social X.
"É apropriado que discussões de importância global ocorram aqui."
Em 2008, a republicana Sarah Palin, ex-governadora do Alasca, destacou que a Rússia é a "vizinha" do Estado americano e pode ser vista de uma ilha no Alasca.
A última vez que o Alasca esteve no centro das atenções em um evento de alcance internacional foi em março de 2021, quando a recém-formada equipe diplomática e de segurança nacional de Joe Biden se encontrou com pares chineses em Anchorage.
Mas como esse pedaço de terra gelado saiu da mão dos russos e foi parar na dos americanos?
Loucura ou o melhor negócio de todos os tempos?
Os Estados Unidos compraram o Alasca do governo imperial russo em 30 de março de 1867, por US$ 7,2 milhões na época — aproximadamente US$ 152 milhões em 2024.
O território era uma imensidão isolada que não parecia ter utilidade econômica alguma.
Os críticos zombavam da "loucura de Seward" — a compra do Alasca, associando-a ao então secretário de Estado, William Seward, que tinha feito o negócio.
O tempo acabou dando razão a Seward: a aquisição se mostrou um dos negócios mais rentáveis da história.
A compra do Alasca adicionou mais de 1,5 milhão de quilômetros quadrados aos EUA.
Mas o Alasca é muito mais que um pedaço de terra gelada. É também um enorme depósito de recursos naturais: menos de 20 anos depois de o negócio ser fechado, instalou-se uma corrida por ouro na região.
Além disso, em meados do século 20, petroleiras encontraram enormes reservas no norte do Estado que, desde então, têm sido exploradas de maneira intensa e rendem milhares de dólares.
O Alasca se transformou numa poderosa economia. Tem uma população próxima de 740 mil habitantes e um Produto Interno Bruto (PIB) de cerca de US$ 54,9 bilhões em 2024, em valores reais.
Em outras palavras, produz anualmente mais de 350 vezes o que a Rússia ganhou ao vender o território.
O Alasca sempre foi considerado estratégico do ponto de vista militar.
Acredita-se que, entre as razões pelas quais a Rússia vendeu a terra, estaria o receio de que o Reino Unido tivesse ambições expansionistas. Naquela época, os britânicos eram uma superpotência mundial e já controlavam o Canadá.
Mal imaginaria o czar Alexandre 2º que, quase um século depois, em 1945, início da Guerra Fria entre os Estados Unidos e a União Soviética, o Alasca se tornaria um posto militar de valor inestimável — permitia que tropas, radares e aviões americanos estivessem praticamente na porta da Rússia.
Logo, vista com as lentes da modernidade, a venda feita em 1867 pelos russos pode ser encarada como um erro comercial e uma falha estratégica.
Mas essa não foi a única compra de terras a favorecer os EUA no século 19.
Em 1803, décadas antes da aquisição do Alasca, os americanos compraram da França a área conhecida como Louisiana.
Era um território ainda maior que o Alasca, com 2,1 milhões de quilômetros quadrados que compreendem hoje 15 Estados dos EUA — vai da cidade de Nova Orleans, no sul, até Montana, no noroeste do país.
O custo da compra de Louisiana foi de US$ 15 milhões, o equivalente a cerca de US$ 415 milhões em 2024.
No século 19, os EUA conseguiram um aumento territorial expressivo mediante o pagamento de quantias irrisórias para potências europeias.
Mas uma coisa é verdade: naquela época, era difícil prever a expansão econômica que o país iria contabilizar décadas mais tarde.
Seward acabou entrando para história não como um louco, como previam seus contemporâneos, mas como o arquiteto de um dos maiores negócios de todos os tempos.
*A matéria foi publicada originalmente em 30 de março de 2017 e republicada com atualizações e novas informações sobre o encontro entre presidentes no Alasca




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