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Porto Velho,02/05/2025

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Luis Henrique

O Cemitério e a Vila da Eletronorte

História do Cemitério

Jornal Alto Madeira (1917 - 2017)
O Cemitério e a Vila da Eletronorte Cemitério Transformado em Área Residencial

          Em1967 a prefeitura de Porto Velho anunciou a construção de um novo cemitério,que seria chamado de “Cristo redentor”, em substituição ao já sem espaçoCemitério dos Inocentes. Porém, os primeiros sepultamentos do novo cemitério só foram autorizados aocorrer a partir do ano de 1970, quando se concluíram as obras de adaptação doseu terreno, resultando, segundo a própria prefeitura, em “um novo cemitériopara o município, amplo e moderno”

          Em1975, por meio de um decreto municipal, o cemitério dos inocentes e o cemitérioCristo Redentor foram desativados para novos sepultamentos. O primeiro, e maisantigo, por falta de espaço, e o segundo, com poucos anos de funcionamento, porestar situado em uma área alagadiça, “sendo de custo elevado a execução dedrenagem para corresponder à solução desejada,pois traria problemas sérios de ordem sanitária” Nesse mesmo decreto foi designado um novo destino públicopara os mortos: o cemitério Santo Antônio, próximo à cachoeira com o mesmo nomeno rio Madeira.

Pouco mais de cinco anos após essa desativação conjunta doscemitérios, o poder municipal decidiu pela transferência das sepulturas doCristo Redentor para o Santo Antônio. Essa decisão fez emergir no jornal AltoMadeira uma incômoda discussão sobre um possível desrespeito com os mortos nessa ação,em detrimento do funcionamento inviável e já desrespeitoso até aquele momentono cemitério Cristo Redentor.

Alidesde o início do funcionamento, constatou-se a inviabilidade do uso da áreapara abrigar os cadáveres, tendo em vista a grande incidência de água queinvade o terreno. Neste caso sim, justifica-se a pressa da trasladação dosjazigos e cadáveres. Aliás, parece que ali não foi feito um prévio estudo daconformação do terreno ou houve erro topográfico. (PACIÊNCIA COM... 1981, p.02). 

Além de receber os novos sepultamentos, a partir de 1982 ocemitério Santo Antônio também passou a receber os corpos que seriam retiradosdo já desativado cemitério Cristo Redentor. Uma transferência que levou aproximadamenteum ano para ser concluída, com a exumação e recadastramento de 690 sepultados.Segundo o jornal Alto Madeira, uma missa foi celebrada antes do início dostrabalhos e várias famílias acompanharam o translado das urnas para as novasacomodações dos seus entes.

Tendoem vista os sete anos de desativação do cemitério Cristo Redentor, por suaelevação pluviométrica em certo período de cada ano, essa transferência sedemonstrava inevitável. Porém, a motivação sanitária da sua desativação, nãoevocou qualquer agilidade no processo de sua transferência. Isso ocorreu apenaspor uma convergência com o interesse do mercado de imóveis na área ocupadapelos mortos. Cerca de um ano antes do início das ações de exumação e translado,um acordo entre a prefeitura e representantes das empresas responsáveis pelaconstrução da Usina Hidrelétrica de Samuel definiu a área onde se situava ocemitério Cristo Redentor para que se tornasse a Vila da Eletronorte,onde seriam construídas casas de alto padrão que atendessem às necessidades dosengenheiros, médicos e outros funcionários qualificados da usina.

SegundoYêdda Borzacov, essa escolha se deu pela dificuldade dos gestores daEletronorte em encontrar moradias na cidade que, no período, fossem“satisfatórias” para seus trabalhadores.[1] Essa insatisfação com as residências disponíveis para locação em Porto Velhoocorria também em função da insegurança habitacional que vivia a cidade, poisvárias ocupações irregulares estavam transformando o cotidiano de bairros quese avizinhavam a conjuntos habitacionais e loteamentos privados. A instalaçãode um condomínio murado, com guarita e em cima de um cemitério desativado consolidouum “oásis” para o mercado imobiliário, pois assegurava uma proteção ao valor dometro quadrado em meio ao risco iminente de se tornar mais uma “invasão”.

Por: Professor Luís e Professor Aleandro Leite.






















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